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“Você trabalha bem sob estresse?”

Se um dia ouvir tal pergunta em um processo seletivo; corra. Até porque, será equivalente a seguinte pergunta: “Se eu te der um carro com o motor falhando e você estiver bêbado, será capaz de realizar uma entrega?”.

Tudo bem, pode ser que sob pressão você libere a produção de outros hormônios na classe das Catecolaminas. Talvez a demanda seja recebida como um desafio ou algo que careça de um certo heroísmo; o que descaracteriza o estresse.

Ok, vamos lá. Imagine que há uma coruja no seu cérebro… Sim, foi exatamente o que eu quis dizer, pois as características da coruja, como os olhos grandes e penetrantes, podem representar a capacidade de análise e discernimento do córtex pré-frontal. Além disso, a coruja é frequentemente associada à sabedoria, o que reflete a função executiva desse importante componente cerebral.

Sob estresse, essa coruja fica maluca, ou seja: funções como memória recente, autocontrole, mudança de foco, regulação emocional, tomada de decisão, processamento de conflitos, monitoramento de erros, avaliação de recompensas e punições, regulação do comportamento social. Etc. Deixam de ser executadas corretamente.

E, se não bastasse, aumenta a liberação de cortisol, que tem papel na regulação do sono, manutenção da pressão arterial, regulação de açúcar no sangue, entre outras. E o aumento da produção de cortisol por estresse pode causar distúrbios do sono, ganho de peso, problemas digestivos, diminuição da libido, ansiedade, irritabilidade e por aí vai, ou seja: o motor do carro falhando enquanto é conduzido por um bêbado.