Crônicas, pensamentos e reflexões.

Com suas vozes empostadas e olhares sérios, ganharam confiança. Afinal, esses elementos somados à atribuição de vasto conhecimento sobre os fatos, fizeram dos personagens da velha mídia “símbolos da informação e confiança”, pois, na crença popular, sustentada pela boa fé das pessoas que consomem seu conteúdo, seria, no mínimo, imoral, pessoas de aparência e educação tão refinadas prestar-se ao papel repugnante de manipular a opinião pública.  

                E assim, trabalhando durante décadas, solidificou-se tal imagem confiável – até porque, além de não haver muitas opções, a crença popular de que “ a mentira tem pernas curtas” te favoreceu ao ignorar o fato de que suas pernas são proporcionais ao seu tamanho.

                Hoje, diante da constatação de parcialidade, usam de estratégias vergonhosas para desqualificar qualquer um que tenha opinião contrária; o que comprova, de forma inequívoca, que a notícia não é mais seu objeto de trabalho, mas sim, a narrativa que a acompanha. O pau que bate em Chico não bate em Francisco. Não mais.

                Duplo padrão, indignação seletiva e a maliciosa escolha de palavras me fazem refletir sobre o que disse Santo Agostinho em Confissões: “A retórica é o ofício da tagarelice”. Fato, sujeito e predicado dançam e se adaptam de acordo com os interesses daqueles que já morreram por dentro, pois, ter conhecimento de que suas narrativas irresponsáveis alcançam e influenciam milhões de pessoas, já lhes garante lugar em Antenora¹ – pressupondo que ainda tenham alma, claro.

                Não há honra no seu desserviço. Mentes pequenas dividem, vieses cognitivos induzem ao erro, e a alienação aprisiona. Tampouco há ética ou integridade na parcialidade. A serviço do engano você morreu, velha mídia. Não sentiremos sua falta.

¹Antenora é uma das quatro divisões do nono círculo do inferno destinada aos traidores da pátria, em A Divina Comédia de Dante.

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