Crônicas, pensamentos e reflexões.

Abril de 2013

         Questionei o demônio e ele me apontou o orgulho; questionei o orgulho e ele me apontou a carência; questionei a carência e ela me apontou a criança. Confuso, questionei a criança, ela me apontou o espelho. Ao olhar para o espelho, vi minha imagem refletida, não reparei se havia algo além dela. Conheci o ego. A busca terminou, ali estava a origem do mal, que só a criança poderia apontar.

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         Ninguém ouviu, mas ali estava a inocência sendo dilacerada, tendo seus sonhos destruídos. Anos mais tarde, todos se perguntavam: “Por que ele deixou de ser amável?”. O Silêncio como testemunha da desconexão entre a proteção esperada e realidade como opositora.

         Seus sonhos ainda estava ali, aprisionados pelos grilhões da aprovação que nunca viera. Porém, mais vivos que nunca, ainda que a incapacidade de recordar aquilo que outrora o aprisionara o impedia de romper as amarras, pois não as enxergava. Mas a quem responsabilizar além da ignorância?

         Certa vez, Jung disse: “O ego não é mais que um pequeno palmo de luz circundado pelas sombras e não pode, de modo algum, atingir o ser, ou usurpar-lhe o papel, pois o ser é o todo, o indefinível, enquanto o ego é a parte bem definida.” – Jung escreveu, também, a introdução da obra “Ensinamentos Espirituais” de Ramana Maharshi, onde o autor afirma que tudo que vem depois do “eu sou”, provém do ego.

         Falta humildade no mundo. Falta a simples admissão da própria pequenez inflada pela ilusão presunçosa de quem pouco vê. Os “donos da verdade” que são incapazes de admitir a própria condição pequenina na equação da vida e que, buscam, a todo custo, enfiar goela abaixo suas “verdades” que provém da visão limitada dos seus egos soberbos. “Só sei que nada sei” – A frase atribuída a Sócrates, que através da maiêutica que buscava a verdade, deveria ser mais lembrada nos dias de hoje.

         A única chance de uma visão mais ampla é a disponibilidade para enxergar outras perspectivas, isso, porém, só é possível através da empatia e humildade. Qualquer grupo que tenta subverter outro antes de tal prática, é limitado, e ignora a lógica, sem exceção.

         A inocência explora, observa, aprende sem preconceitos. É o olhar puro do desbravador do mundo que se apresenta diante de seus sentidos e obtém a recompensa imediata na própria jornada.

Referências bibliográficas:

Jung, C.G. (1961). “Memories, Dreams, Reflections” (Memórias, Sonhos, Reflexões). Vintage Books, p. 324 (na edição em inglês).

Ramana Maharshi Título: Ensinamentos Espirituais Local da Publicação: São Paulo Editora: Cultrix Ano da Publicação: 1993.

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