Crônicas, pensamentos e reflexões.

Caro Zaratustra

“Grande astro! Qual seria sua felicidade sem aqueles a quem iluminas?” (ZARATUSTRA, 1883, p. 42).

Assim, pressupondo uma consciência do Sol e, intencionalidade, por consequência, não se descarta a possibilidade de ele simplesmente ser o que é, independente daqueles que se beneficiam da sua luz. Ora, ser o que é, e ainda iluminar a outros, pode ser uma razão legítima para a felicidade, porém, não condição para existir em sua essência. Entretanto, para legitimar ou presumir a razão de sua felicidade, uma vez já admitindo que ele seria capaz de sentir, isso só é possível através da humanização do Sol a partir da projeção da própria personalidade. Pois, se retirar, aqueles que se beneficiam e têm consciência disso, ou ainda; se considerar os que desfrutam, mas não têm conhecimento sobre tal fato e ainda assim necessitam de suas beneficies, não há possibilidade de sugerir percepção e, quem dirá, presumir a felicidade do Sol por parte dos beneficiados. Logo, para evidenciar a felicidade do Sol nestes casos, seria necessário admitir que esta não dependeria da percepção ou reconhecimento dos iluminados, sendo assim, intrínseca a ele. Mas como validar tal hipótese da felicidade do Sol sem que haja consciência para isto? E, ainda que se considere sua felicidade pelos seus beneficiados, sem reconhecimento algum por parte desses, estaria a consciência e felicidade no próprio Sol ainda que não houvesse quem pudesse testemunhá-la? Então, Zaratustra: quem é o Sol? E quem é você?  

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