Crônicas, pensamentos e reflexões.

Sobre escrever

Às vezes uma ideia vem como um miado; outras vezes, como um grito. Há aqueles dias em que ela chega com um porrete e dá na minha cabeça.

Já houve várias noites em que eu tive que levantar e procurar uma caneta para rabiscar algo (hoje em dia o celular facilitou esse processo) e, embora muitas dessas anotações foram parar no lixo, outras renderam crônicas.

Geralmente não me privo na hora escrever por mais que, no início, a ideia pareça absurda. Depois, de certa forma, ela se desenvolve e consigo juntar as partes separadas por vários “TABs” em algo que faça algum sentido.

É, não escrevo de forma linear, pois, enquanto escrevo um parágrafo, uma conclusão pode me saltar a mente e tenho que escrevê-la em outra parte da página antes que ela se perca no limbo.

Críticas, anseios, sublimações, teorias ou até diálogos com um leitor imaginário – como neste exato momento – são válidos. Certa vez, vi uma folha seca sobre a cama e escrevi o texto “Sobre os talentos”. Ou seja, não há um critério preestabelecido. Talvez isso expresse a liberdade, uma forma de transformar minhas próprias sombras em personagens e debater com elas. O autoconhecimento quando eu termino de escrever e, após reler, me escapar um “Eu escrevi isso?”  É como se trouxesse algo de um mergulho profundo no inconsciente à luz da razão.

De qualquer forma, a música sempre me acompanha nessa jornada. Mozart poderia receber boa parte dos meus direitos autorais se esses tivessem algum valor real – o que significa sutilmente, que dinheiro não é a razão que me faz escrever desde a adolescência, até porque ele não existe. E talvez esteja aí o segredo de se fazer algo que ama: é o prazer na própria jornada, independente do fim, sempre que possível.

Áudio do texto

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